O que o neurologista faz? – Dor de Cabeça

Uma pergunta que as pessoas costumam a fazer é o que um neurologista faz. Pensando nisso, vamos lançar uma série de posts detalhando o papel do neurologista nos cuidados das principais queixas neurológicas. Vamos começar pela queixa neurológica mais comum: a dor de cabeça.

Dor de Cabeça

Dor de cabeça (ou cefaleia) é certamente a causa que mais leva as pessoas a uma consulta com o Neurologista. Existem dois cenários: a pessoa tem uma crise de cefaleia ou a pessoa vem tendo muita dor de cabeça. 

A crise de cefaleia

Imagine esse caso. Em um belo dia, você está bem e começa a sentir uma dor de cabeça. Toma analgésico, mas a dor não melhora. A dor te incomoda, você não consegue se concentrar nas suas atividades. Preocupações começam a vir: “será que alguma coisa séria está acontecendo comigo?” Toma um segundo analgésico. Espera…… nada. Percebendo que continuará com a dor, procura um pronto-atendimento (PA) para tratar a dor. Para os médicos que atendem em PA, essa é uma cena muito comum, mas tem muitas variações possíveis.

Cefaleia no Pronto Atendimento

Você chega ao pronto atendimento. Na maioria dos serviços, quem dá o primeiro atendimento para quem tem dor de cabeça é o médico emergencista. Cefaleia é um sintoma que faz parte de vários outros quadros, como, por exemplo, gripe, sinusite ou dengue, que também precisam ser afastados. Poucos serviços disponibilizam atendimento inicial da dor de cabeça já com o neurologista. 

No consultório, o emergencista lhe fará diversas perguntas identificando as características da dor, que outros sintomas você tem, que medicamentos você usa e procurará pela presença de sintomas neurológicos. A seguir, prescreverá analgésicos para tentar resolver a dor.

Para o médico, o mais importante na consulta inicial no PA é a procura por Sinais de Alarme (que vamos detalhar em um post futuro), para afastar causas mais graves de dor de cabeça. Se não houver Sinais de Alarme e a sua dor melhorar com os medicamentos, provavelmente o emergencista lhe dará alta para casa.

E se os Sinais de Alarme estiverem presentes ou a cefaleia não melhorar? 

Aí o Neurologista poderá ser chamado. O mais importante aqui é afastar as causas mais graves de dor de cabeça (explicaremos quais são no futuro!), que são a maior preocupação do paciente e dos médicos. Para isso poderá utilizar exames mais avançados, como Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética de Crânio e as versões desses exames com estudo de artérias e veias da cabeça.

Se os tratamentos iniciais não resolveram a sua dor, o neurologista vai usar opções mais avançadas medicamentos contra a cefaleia. Na maioria das vezes é possível resolver a dor ou deixá-la em níveis muito baixos já no pronto-atendimento. Se não for possível, o que é incomum, você poderá precisar de se internar para receber na veia medicamentos fortes em horários alternados. 

Após a investigação e o tratamento, o médico que lhe atendeu vai lhe prescrever medicamentos para tomar em casa, lhe dará orientações e lhe dirá se é preciso acompanhar com Neurologista em consultório. 

A dor de cabeça insistente

Há um segundo cenário comum. Há anos você tem crises de dor de cabeça. Não preocupavam, pois as dores vinham só de tempos em tempos e geralmente estavam ligadas a momentos de maior estresse ou mudanças na rotina. Contudo, as crises foram se tornando mais frequentes. Você passou a tomar mais remédios para a dor. No começo, os remédios ajudavam, mas com o tempo foram perdendo a efetividade.

Com isso tudo, você fica com medo de que essa dor seja causada por alguma coisa grave. Ou de que terá que conviver com ela para o resto da vida. Isso te leva a buscar um profissional para te auxiliar nessa dificuldade. E aí, encontra o neurologista.

Há várias outras formas diferentes de evolução de dor de cabeça, como uma dor que surge de uma vez e não passa, uma dor que progride ao longo de poucas semanas. Alguém que passou por um atendimento médico por cefaleia frequentemente é encaminhado para avaliação com neurologista. 

Chegando à consulta, você passará por uma avaliação neurológica completa (existem dezenas de tipos de cefaleia, com as causas mais variadas!). Nela, o neurologista avaliará a sua história médica, seu perfil de comportamento e atividades, medicamentos em uso (mesmo os naturais!) e queixas gerais. Também fará um exame físico e neurológico detalhado.  

Com base em todas as informações obtidas o neurologista solicitará uma bateria de exames de acordo com suas suspeitas, dará orientações sobre a causa da dor de cabeça, ensinará como evitar os gatilhos mais comuns de dor, fará recomendações de medidas para melhorar a qualidade de vida (entraremos em detalhes no futuro!) e analisará junto com o paciente as opções de tratamento profilático (ou preventivo) com remédio. O paciente também será orientado a fazer um diário de cefaleia para monitorar a evolução da dor e desenvolver maior consciência dos episódios. 

Após a consulta inicial, pacientes com dor de cabeça deverão manter acompanhamento de tempos em tempos para observar a evolução do caso e fazer ajuste de medicações e receber orientações. Após algum tempo, uma boa quantidade dos pacientes vai aumentar o tempo entre consultas ou terá alta. 

Futuramente teremos um post explicando melhor quais são as causas de dor de cabeça e como saber se precisa procurar atendimento médico de urgência. 

Série de Posts: Atuação do Neurologista

• O que é Neurologia?
• Esquecimento (perda de memória)

Dr Conrado Borges

Médico Neurologista (CRM/SP: 186462)

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