O que o neurologista faz? Tontura na emergência
Uma pergunta que as pessoas costumam a fazer é o que um neurologista faz. Pensando nisso, estou construindo esta série de posts detalhando o papel do neurologista nos cuidados das principais queixas neurológicas.
Tontura é um pesadelo para muitos pacientes e médicos.
Para os pacientes, a tontura é causa de enormes preocupações. Algumas vezes pode surgir de repente e em outras pode começar leve e piorar aos poucos, se tornando incapacitante. Pode também causar quedas, levando a consequências graves, como traumatismo craniano e fraturas.
Para os clínicos gerais, o paciente que chega com tontura é frequentemente um grande desafio! As queixas muitas vezes são vagas e, em vários casos, a chave para o problema está em detalhes sutis, que o paciente só vai contar se for perguntado diretamente.
Nem toda tontura é labirintite
Na verdade, só uma parte muito pequena dos pacientes recebe o diagnóstico de labirintite. Existem muitas outras causas, que vão desde uma anemia, até um acidente vascular cerebral. E é necessário encontrar a causa da tontura para tratá-la corretamente.
Mas muitas vezes isso não é simples! Para avaliar bem um paciente com tontura, o médico precisa ter uma boa dose de experiência com casos semelhantes, ter treinamento na aplicação de diversas manobras especiais e saber fazer um bom exame neurológico.
O neurologista é o profissional que desenvolveu todas essas habilidades em sua formação. Talvez por isso, o encaminhamento de pacientes com tontura para o neurologista seja tão comum.
Consulta de uma pessoa com tontura: como é?
A queixa de tontura pode ser vista pelo neurologista em dois contextos diferentes: no pronto atendimento e no consultório.
A tontura no Pronto-Atendimento
“Alberto (nome fictício), tem 55 anos, é advogado. Todos os dias acorda cedo para ir ao trabalho. Em uma dessas manhãs, algo novo e apavorante aconteceu! No momento em que rolou para o lado para sair da cama, de repente, todo o seu mundo começou a girar!
Teve a sensação de que a cama estava flutuando e que não conseguia mais se manter estável no lugar. Tudo isso durou por pouco mais de um minuto, mas pareceu uma eternidade. Depois, mesmo percebendo que o mundo já não girava, continuava tonto e enjoado.
Muita coisa passou pela sua cabeça nesse momento. Será que tivera um AVC? Será que era um tumor cerebral? A única coisa que podia fazer naquele momento era deixar o trabalho de lado e procurar um pronto-atendimento.“
Diariamente pessoas vão ao pronto-atendimento por queixas de tontura como a do sr. Alberto. Quando os sintomas acontecem pela primeira vez na vida, o medo e a ansiedade são ainda mais brutais. Frequentemente, a pessoa pensa que o pior vai acontecer.
Felizmente, na maioria das vezes, uma avaliação bem feita é suficiente para dar o diagnóstico e direcionar para o tratamento adequado. Nesses casos, um exame de imagem pode nem ser necessário.
No pronto-atendimento, o neurologista busca diferenciar entre causas benignas e possivelmente graves (no futuro, teremos um post explicando detalhes das principais causas de tontura).
Para isso, precisa ter atenção a detalhes. Pergunta o que o paciente fazia antes do início dos sintomas, qual foi o tipo da tontura e se essa queixa já aconteceu antes. Também faz um exame neurológico focado em funções de equilíbrio e da audição.
Em alguns casos selecionados, o neurologista já trata o paciente dentro do consultório com manobras posicionais. Consegue resolver o problema na hora em uma boa parte das vezes! Por outro lado, alguns casos precisarão de uma investigação mais profunda com exames complementares. Se necessário, o paciente recebe medicamentos contra enjoo e tontura a qualquer momento da avaliação.
No final do atendimento, o paciente que teve tontura sai do hospital tratado, com uma receita para casa, sabendo se o que tem é benigno ou se merece maior atenção.
“Chegando ao Pronto-Atendimento, o sr. Alberto foi atendido pelo médico neurologista de plantão. Na entrevista, identificou que a queixa de tontura estava associada a movimentação da cabeça e que tinha durado cerca de 1 minuto.
O neurologista fez uma manobra postural e identificou que o sr. Alberto tinha uma disfunção benigna no labirinto, chamada Vertigem Postural Paroxística Benigna. De pronto fez uma segunda manobra postural, que resolveu o problema já no consultório. Não foi necessária a realização de qualquer outro exame e o paciente foi embora para casa direto do consultório, com receita de medicamentos para usar se necessário.”
A tontura no consultório do neurologista ….
“Milena (nome fictício) tem 57 anos e é professora universitária na área de engenharia. Há cerca de 2 anos tinha notado que estava andando com menos segurança. (continua no próximo post!)
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