O que o Neurologista faz? Epilepsia

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“É domingo! Faz um belo dia de sol. Você e uma pessoa querida resolveram aproveitar a tarde no parque! Apesar do calor, um vento suave, que passa pelas as folhas das árvores causando leves ondulações, refresca a sua pele. Um cachorrinho filhote passa por perto, em travessuras. Você cutuca a pessoa para olhar… Estranho… Não responde. Você olha para ela e percebe que está com a cabeça está virada para o outro lado. Procura os seus olhos, mas os seus olhos estão virados na mesma direção. Estranho, pois não há nada interessante lá. Em questão de segundos, você nota que os braços dela tornam-se mais rígidos. Você chama, chama, mas a pessoa não responde. Os segundos continuam passando, mas parecem uma eternidade. Aos poucos, aquela rigidez passa a se tornar movimentos ondulatórios de vem e vai. Você nota saliva saindo pela boca dela. Você sente um cheiro forte: liberou urina. Você não sabe o que fazer, chama ajuda, mas após um pouco mais de 1 minuto, aqueles movimentos vão se tornando mais leves, até sumir completamente. A pessoa ainda fica desacordada por alguns minutos, mas, então, começa acordar, sonolenta e confusa. A essa altura a ambulância, que alguém chamou durante a confusão, chegou para prestar socorro, levando vocês ao hospital mais próximo.”

Desenhei essa cena para retratar como pode ser desesperador presenciar uma crise epiléptica (também chamada convulsão).  Realmente, conforme muitos depoimentos de pessoas próximas de pacientes com epilepsia, presenciar uma crise epiléptica está entre as coisas mais assustadoras, especialmente quando não se conhece o quadro. Habitualmente o primeiro atendimento é feito pelo médico emergencista, paramédicos, enfermeiros ou até pessoas comuns. Entretanto, o especialista a ser chamado logo na sequência é o Neurologista.

Primeiro atendimento da convulsão no hospital

Quando o paciente chega ao hospital, o emergencista ou o neurologista vai avaliar se o paciente ainda está em crise, pois, nesse caso, um tratamento especial precisa ser feito com urgência. Também investigará causas possíveis, como hipoglicemia e AVC, por exemplo, e ajudará a equipe de emergencistas a proteger o paciente de outros danos.

Identificando as causas da convulsão

Após o esfriamento do quadro inicial, quando o paciente já estiver em segurança, o neurologista solicitará exames mais aprofundados, para entender melhor por que a crise epiléptica aconteceu. No caso de ser a primeira crise do paciente, habitualmente é feito um exame de imagem (que normalmente é uma ressonância magnética) para analisar se o cérebro do paciente tem uma lesão nova (como é o caso dos AVCs, tumores ou quadros inflamatórios) e um eletroencefalograma, para avaliar se a atividade elétrica do cérebro está alterada (que mostra um maior risco de epilepsia). À critério da equipe médica, vários outros exames podem ser solicitados, de acordo com o caso de cada paciente.

Planejando o tratamento da epilepsia

Com base nos resultados desses exames, nos casos de primeira crise, o neurologista terá uma conversa franca com o paciente, para analisar o risco de que venha a ter novas crises. Há situações em que pode-se iniciar logo um medicamento anticonvulsivante e outras em que se pode somente observar. Essa decisão depende de várias coisas incluindo os exames feitos e questões que dependem do paciente e, por isso, a decisão conjunta é imprescindível!

No caso de pessoas que já têm o diagnóstico de epilepsia, a situação é um pouco mais simples, pois normalmente menos investigação é necessária. Contudo, a presença do neurologista (seja de plantão ou que já acompanha o paciente no consultório) é fundamental, pois os escapes de crise na maioria das vezes devem ser vistos como um sinal de alarme e podem sinalizar necessidade e mudança de dose ou troca de medicação.

Atualmente, existe uma ampla variedade de anticonvulsivantes, cada um com características próprias e com indicações variadas. A eficácia no controle de crises é semelhante entre as opções. No entanto, a prescrição desses medicamentos é delicada. A efetividade pode variar de acordo com o tipo de crise epiléptica. Os efeitos colaterais são muito frequentes e variam entre as opções de medicamentos. Isso sem falar que alguns anticonvulsivantes interagem muito com outros medicamentos. Assim, quem toma esse tipo de medicamento, vai precisar frequentar o neurologista com regularidade.

Uma vez atingido o equilíbrio entre medicamento, dose e controle das crises, o acompanhamento neurológico se torna mais tranquilo e, na maior parte das vezes, o paciente volta a ter uma vida normal!

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Dr. Conrado Borges - ExcellereNeuro


Dr Conrado Borges

Médico Neurologista (CRM/SP: 186462)

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