AVC: por que é um problema?
O acidente vascular cerebral, ou AVC, popularmente chamado de derrame, é uma doença neurológica comum e, não à toa, motivo de grande preocupação entre as pessoas. O AVC está entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo e é frequentemente incapacitante.
Mudanças dramáticas na rotina familiar acontecem quando alguém tem um AVC. Não é raro a o paciente ficar dependente, total ou parcialmente, de outras pessoas. Problemas na fala e na mobilidade são muito comuns e, muitas vezes, a vítima de AVC acaba tendo que deixar de lado suas atividades normais. Por esse motivo, muitas vezes, as famílias precisam se mobilizar para cuidar do doente ou então contratar cuidadores, o que representa, também, um impacto financeiro enorme!
Mesmo sendo uma doença tão relevante, dúvidas, por vezes simples, são muito comuns. Por esse motivo, quero trazer para você algumas informações rápidas, que vão tornar sua visão sobre esse tema mais clara!
Quais são os tipos de AVC?
A primeira informação que eu quero que você assimile é que não existe só um tipo de AVC. Isso é importante, pois cada tipo tem um quadro clínico próprio, um tratamento específico e prognóstico distinto.
Podemos classificar o AVC em isquêmico ou hemorrágico. O termo isquêmico deriva da palavra isquemia, que significa a falta de sangue para uma parte do corpo. O termo hemorragia significa sangramento, que pode ocorrer dentro ou em volta do cérebro.
AVC isquêmico
Qualquer tecido que ficar sem sangue por um determinado tempo poderá ter suas células mortas. Chamamos de infarto a morte dos tecidos por falta de sangue. O infarto mais conhecido é o Infarto Agudo do Miocárdio, causado por obstrução das artérias coronárias, que abastecem o músculo do coração.
O tecido do cérebro também pode morrer se ficar sem receber sangue. O tempo até a lesão surgir varia. Contudo, sabemos que morte irreparável de neurônios já começa a ocorrer em cerca de 1 hora após a obstrução de uma das artérias cerebrais.
A boa notícia nisso tudo é que os sintomas de AVC isquêmico surgem imediatamente depois que a “tubulação” cerebral entope. Isso significa que, se conseguirmos desentupir os vasos rapidamente, podemos impedir a lesão irreversível do cérebro. Para isso, precisamos levar a vítima do AVC imediatamente para um hospital com equipe especializada, onde poderá passar pelos tratamentos necessários.
Quando suspeitar de um AVC?
E quando suspeitar de AVC isquêmico? A primeira dica é saber que normalmente o AVC é um mal súbito. Ou seja: uma mudança neurológica que acontece DE REPENTE!
As mudanças mais conhecidas são a perda de força em metade do corpo, ficar com a boca torta ou ter dificuldade para falar. Contudo, um AVC pode mostrar outras caras. Por exemplo: a pessoa pode deixar de enxergar parte do campo visual, passar a ignorar o lado esquerdo do corpo, perder a coordenação motora ou o equilíbrio. Por outro lado, não costumamos ver dor de cabeça nos AVCs isquêmicos.
Diversas causas podem levar à obstrução das artérias cerebrais, desde a formação de placas gordurosas nessas artérias até a liberação de coágulos de dentro do coração. Alguns dos principais fatores de risco para o AVC isquêmico são pressão alta, diabetes, colesterol alto, obesidade e fibrilação atrial, um tipo de arritmia muito comum.
AVC hemorrágico
No AVC hemorrágico, o que ocorre é sangramento. Aqui a coisa é um pouco mais difícil de entender, pois a hemorragia pode ocorrer dentro ou em volta do cérebro. Quando acontece dentro do cérebro, os sintomas podem ser muito parecidos com os do AVC isquêmico. O que pode ser diferente nesses casos é que às vezes a vítima fica mais sonolenta ou vomita.
No serviço de emergência, os médicos solicitam um exame de imagem, normalmente uma tomografia de crânio, para conseguir diferenciar a isquemia da hemorragia. Por esse motivo, de novo, é essencial que uma pessoa com qualquer suspeita de AVC seja levada imediatamente para um pronto-socorro.
O segundo tipo de AVC hemorrágico é a hemorragia subaracnoidea (HSA). Você deve ter estranhado esse nome, mas te garanto que já ouviu falar desse tipo de AVC! É aquele que ocorre geralmente quando um aneurisma intracraniano rompe. Você já deve ter ouvido falar de alguém que “morreu de aneurisma”.
O quadro clínico aqui é bem diferente do que vemos no AVC isquêmico ou no AVC hemorrágico que ocorre dentro do cérebro. O sintoma mais importante da HSA é uma dor de cabeça muito forte que começa de repente. Normalmente a pessoa não tem perda de força em metade do corpo, mas pode ficar sonolenta e até entrar em coma em casos mais graves. A hemorragia subaracnoidea também pode ser extremamente grave ou até letal, ocorrendo em pessoas de todas as idades.
Por esse motivo, você ou qualquer pessoa próxima deve ir imediatamente para o pronto socorro se tiver uma dor de cabeça muito forte, com início repentino! Só dessa forma poderá ser tratado a tempo de evitar as graves complicações.
Poderíamos ficar muitas páginas falando de cada um desses assuntos, mas ficaria muito cansativo! Vamos deixar para uma outra oportunidade entender mais a fundo cada um dos tipos AVC e o que pode ser feito para investigar e tratar.